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EDITORIAL

por Valquiria Moura Vieira

O termo dramaturgia abarca um conjunto de experiências que são, ao mesmo tempo, estéticas, biográficas, poéticas e políticas. Nas últimas décadas, o conceito de dramaturgia expandiu para dar conta do vasto campo de invenção das artes da cena, formando dramaturgos e dramaturgistas a partir de práticas autorais guiadas pelas necessidades de cada processo de criação. Interessa-nos refletir não apenas a diversidade de formatos e linguagens que constituem a cena contemporânea, mas, principalmente, os modos de pensar-criar dramaturgia, seus procedimentos e estratégias  e o olhar para o corpo, enfim, tudo o que diz respeito à poética da cena. É comum que as dramaturgias autorais apresentem enunciados próprios dos criadores-intérpretes, atravessados por questões sociais, de gênero, de raça e de classe. Como preparar os corpos para a realidade da cena contemporânea? Quais são as estratégias metodológicas de formação e criação desses artistas? As práticas hegemônicas dão conta de levar à cena um corpo poético-político?  

A 12ª edição da Revista Poéticas e Políticas do Corpo  (antiga Revista TKV) apresenta alguns estudos que se aproximam dessas e de outras perguntas acerca das muitas dramaturgia(s): o ensaio Sobre O Palco Sangue Azul problematiza um processo criativo experienciado no contexto da disciplina Corpo, práticas feministas e dramaturgias de testemunhos, do Programa de Pós-graduação em Dança da UFRJ; O Corpo Contador de Histórias e a Construção dos Afetos apresenta um relato de experiência, no qual a autora analisa a influência dos estudos corporais em Técnica Klauss Vianna em seu trabalho como contadora de histórias; Me ajuda a fazer eu: fabulando em torno de cinco mulheres, explora as múltiplas dramaturgias criadas da singularidade dos corpos femininos envolvidos em um mesmo processo de criação; Espantografias de um corpo filósofo, propõe uma leitura de Espantografias (Pucheu, 2021) como exercício de transcriação da experiência através do ato performático na linguagem e, a partir da Metodologia Angel Vianna problematiza a construção de um processo catalisador do espanto como uma prática de um corpo filosófico; Corpoéticas e Corpolíticas: Interpelações Que Ativam Corpos Coletivos destaca a importância de uma proposta metodológica participativa e criativa da corporeidade e das narrativas do corpo a partir dos feminismos e,  trazemos ainda, Uma Dramaturgia-Corpo: Relatos de memória da trajetória de Lu Carion e do Obara - Grupo de Pesquisa e Criação com foco em uma pesquisa teatral que desloca o centro da dramaturgia do texto para o corpo dos intérpretes, criando uma dramaturgia-corpo a partir da experiência com a Técnica Klauss Vianna.

Desejamos que as experiências e reflexões aqui compartilhadas inspirem práticas dramatúrgicas que abarquem concepções críticas e, quem sabe, decoloniais. 

Boa leitura!


 

Valquiria Vieira
Valquiria Vieira é artista da cena, interessada em poéticas e políticas do corpo. Há mais de uma década, dedica-se à pesquisa em processos criativos com foco na construção dramatúrgica. É Doutoranda em Artes da Cena/UNICAMP; Especialista em Técnica Klauss Vianna e graduada em Comunicação das Artes do Corpo com habilitações em Dança e Performance pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo-PUC/SP.

SOBRE O PALCO SANGUE AZUL

Nayara Ferreira Calixto

O CORPO CONTADOR DE HISTÓRIAS E A CONSTRUÇÃO DOS AFETOS

Nina Brondi de Andrade Zinsly e Geruza Zelnys

ME AJUDA A FAZER EU: FABULANDO EM TORNO DE CINCO MULHERES

Mariana Vianna Kuntz Fonseca

ESPANTOGRAFIAS DE UM CORPO FILÓSOFO poéticas políticas na Metodologia Angel Vianna

Irene Milhomens da Mota

CORPOÉTICAS E CORPOLÍTICAS: INTERPELAÇÕES QUE ATIVAM CORPOS

Laura Jimena Silva Lurduy

UMA DRAMATURGIA-CORPO: RELATOS DE MEMÓRIA DA TRAJETÓRIA DE LU CARION E DO OBARA - GRUPO DE PESQUISA E CRIAÇÃO

Luzia Carion Braz e Beatriz Miranda Faria Gomes

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